Ninguém percebeu quando ela foi.
Nem os vizinhos, nem o chefe, nem mesmo o carteiro que sempre entregava contas e esquecia de sorrir.
Elena apenas… foi.
Não com uma mala.
Mas com uma pergunta que ecoava no peito há meses:
"É só isso?"
Ela não sabia o que procurava, mas sabia o que não aguentava mais:
as repetições sem alma, os sorrisos automáticos, o celular vibrando com notificações que não tocavam a alma.
Naquela manhã, ouviu um som que não vinha do mundo de fora.
Era um sussurro. Um sibilo. Uma frequência.
A floresta a chamava.
E pela primeira vez, ela não disse “depois”.
Não disse “quando der”.
Ela ouviu. E atendeu.
Caminhou por ruas que pareciam novas, embora fossem as mesmas de sempre.
E ao chegar na trilha, tirou os sapatos. Queria que a terra a reconhecesse.
As árvores não perguntaram de onde ela vinha.
Nem cobraram um plano de carreira.
Elena não pediu permissão.
Apenas sentou-se no meio da clareira e chorou.
Não era tristeza.
Era um derramar de coisas antigas.
Palavras não ditas, partes esquecidas de si mesma.
Era a alma voltando pra casa.
Ali, entre raízes e vento, ela escutou o que nenhuma rede social poderia oferecer:
silêncio fértil.
E nesse silêncio, algo floresceu.
Um nome antigo.
Um saber esquecido.
Um feitiço novo.
Ao voltar para casa, Elena não era mais a mesma.
E na primeira noite, antes de dormir, pegou um caderno — não qualquer caderno —
mas aquele com as folhas que pareciam folhas de outono,
e escreveu:
“Hoje, minha alma acordou.”
Era o começo de um novo ciclo.
E como toda bruxa que desperta, ela sabia: precisava registrar seus ventos internos.
Foi assim que seu Caderno Tempos da Alma se transformou em diário de reconexão.
Ali, ela não escrevia metas.
Escrevia sementes.
E toda vez que o mundo tentava puxá-la de volta para as obrigações e metas,
ela fechava os olhos, sentia o chão…
e lembrava:
🌿 O que a floresta desperta, o mundo não consegue mais silenciar.
Aqui, cada página é um feitiço. Cada capítulo, um portal.